25 de abr. de 2011

Workshop à vista


A escritora e contadora de histórias Cléo Busatto vai ministrar um workshop sobre a arte de contar histórias, nos dias 04 e 05 de junho.

No programa cinco abordagens:

- a história como sujeito.
 - a memória como espaço mítico.
- a técnica como caminho.
- o repertório como meio.
- a narração como um ato de entrega. 

A inscrição dá direito ao livro Contar e encantar – pequenos segredos da narrativa, (editora Vozes), onde a autora apresenta sua técnica e propõe reflexões sobre essa arte milenar.
 
Local: Espaço Paz e Bem. Alameda Princesa Isabel, 274, Curitiba.
Sábado, 04 de junho das 9 às 18hs e domingo, 05 de junho das 9 às 13hs.
Informações: 41 3024-7342  - atendimento@cleobusatto.com.br

22 de abr. de 2011

Futebol, histórias e Páscoa


contos de Natal em Brusque, 2008
Quarta-feira, voltando de uma sessão de histórias, cruzamos com os torcedores do Atlético. Ao contrário do nosso passo, contemplativo e lento e do semblante quase em êxtase pelos afetos e efeitos da narrativa, os torcedores pisavam forte e suas caras contorcidas demonstravam insatisfação. Comentei com o narrador, como seria se esse mesmo público que vai aos estádios e participasse também das rodas de histórias.
A gente vai fazendo do jeito que sabe e acredita, sem esperar retornos. Apenas doamos aquilo que temos de melhor e deixamos a vida provocar as transformações. Apenas entregamos. Ah! Como é difícil a arte de entregar.
Que a Páscoa seja a renovação que a gente deseja pra nossa história e pra história do mundo.

18 de abr. de 2011

Viva Lobato

                                                    O   orgulhoso
Monteiro Lobato

Era um jequitibá enorme, o maior da floresta. Mas orgulhoso e gabola. Fazia pouco das árvores menores e ria-se com desprezo das plantinhas humildes. Vendo a seus pés uma tabua, disse:
- Que triste vida levas, tão pequenina, sempre  à beira d´água, vivendo entre saracuras e rãs.. Qualquer ventinho te dobra. Um tisiu que pouse em tua haste já te verga que nem bodoque. Que diferença entre nós! A minha copada chega às nuvens e as minhas folhas tapam o sol. Quando ronca a tempestade, rio-me dos ventos e divirto-me cá do alto a ver os teus apuros.
- Muito obrigado! – respondeu a tabua ironicamente.  Mas fique sabendo que não me queixo e cá à beira d´água vou vivendo como posso. Se o vento me dobra, em compensação não me quebra e , cessado o temporal, ergo-me direitinha como antes. Você, entretanto ...
- Eu, o quê?
- Você, jequitibá, tem resistido aos vendavais de até aqui; mas resistirá sempre? Não revirará um dia de pernas para o ar!
- Rio-me dos ventos como me rio de ti - murmurou com ar de desprezo a orgulhosa árvore.
Meses depois, na estação das chuvas, sobreveio certa noite uma tremenda tempestade.  Raios riscavam um atrás do outro e o ribombo dos trovões estremecia a terra. O vento infernal foi destruindo tudo quanto se opunha à sua passagem.
A tabua, apavorada, fechou os olhos e curvou-se rente com o chão. E ficou assim encolhidinha
Até que o furor dos elementos se acalmasse e uma fresca  manhã de céu limpo sucedesse àquela noite de horrores. Ergueu, então, a haste flexível e  pode ver os estragos da tormenta. Inúmeras árvores por t erra, despedaçadas, e entre as vítimas  o jequitibá orgulhoso, com a raizama colossal à  mostra...

Quanto maior a altura, maior o tombo...

- Que é tabua, vovó? - perguntou Pedrinho.
- Ora meu filho! Então não sabe o que é tabua? –
- Sei  o que é tábua ...
- Pois  tabua é uma planta da família das tifáceas, muito comum aqui nos nossos brejos e de cujas folhas, compridas como espadas, a gente da roça faz esteiras.  
- Ah,  sei! É até uma planta muito importante, a mais importante de todas, porque a gente da roça só dorme em esteira. Mas eu não digo tabua, vovó, digo piri.
- Piri é planta parecida, meu filho, não é a mesma.
Emilia achou que a moralidade da fábula estava certa, mas...
- Mas o que, Emília?
- Mas entre ser tabua e ser jequitibá prefiro mil vezes ser jequitibá. Prefiro dez mil vezes!
- Por quê?
-Por que o jequitibá é lindo, é imponente, é majestoso, só cai com as grandes tempestades; e a taboa cai com qualquer foiçada dos que vão fazer esteiras. E depois que viram esteiras tem de passar as noites gemendo sob o peso dos que dormem em cima – gente feia e que não toma banho. Viva o jequitibá.
Dona Benta não teve o que dizer.

16 de abr. de 2011

O eco das histórias (Boletim Abril)

Nas minhas andanças contando histórias chego também a lugares onde paira o signo da desarmonia, com barulho e gritos, tanto das crianças, como dos adultos que estão ali para orientá-las. Corre-corre e histeria disfarçada de educação. De cara penso, será que vou dar conta de narrar aqui? Inicio a sessão com uma rápida apresentação pessoal, no intuito de preparar o público para a escuta sensível, já que nesses espaços é necessário um tempo para que o silêncio se estabeleça para depois vingar o prazer e a entrega à batida leve e compassada das histórias. E assim se abre uma fenda para o maravilhamento no qual mergulhamos todos e 40 minutos de narrativa, se tornam incontáveis minutos de contentamento e comunhão com a fulgurância da ficção.
    Despeço-me do público e do espaço onde deixei as histórias. Ao virar as costas, novamente barulho e gritos. Uma pergunta ressoa no meu interior: como criar um movimento de sensibilização para a fruição literária e todos os desdobramentos que ela proporciona, se o ambiente em si deseduca e anda na contramão do que acabou de se propor, ou seja, um tempo de silêncio preenchido de sentidos, pela via da arte? Como andar pela dimensão da razão sensível (como quer Maffesoli) se os sujeitos responsáveis pelo ato de educar não seguem por essa via?
    Ainda há muito que se fazer no campo da educação e a aprendizagem mais urgente, talvez seja caminhar com amorosidade, substituindo cara feia por sorriso, grito por canto, rigidez por acolhimento. Se o sujeito-educador não firma um acordo consigo próprio, de se educar, se flexibilizar e se transformar num sujeito mais humano, equilibrado e alegre, como dar conta de educar o outro?
    A sociedade contemporânea sofre de muitos males. As pessoas andam sem brilho no olhar, tristes, intolerantes, azedas, cegas. Falta sentido para viver, dizem alguns. Por isso vale tudo, matar e morrer, dizem outros. E a tragédia, esmiuçada até as entranhas pelos meios de comunicação, acaba sendo o alimento para o monstro. E se produz ainda mais desesperança e desespero, que geram ainda mais desgraça, e mais tragédia, e mais divulgação da desgraça, e mais descrença, e mais tragédia, e mais... ufa!. Está formada a rede do desencantamento pela vida.
    Ora, esse é o momento de desligar a TV, mudar o dial da rádio, o rumo da prosa e alimentar-se com aquilo que promove a esperança de um presente melhor, com o que traz leveza e alegria e recupera a confiança na vida. Aqui entram as histórias. Algumas têm o poder de aliviar as tensões do dia-a-dia, por nos levar para o mundo do faz de conta e do final feliz. Esse encontro com a fantasia restaura o gozo de viver.      
    Mas pra isso acontecer é importante que se respeite a força transformadora da história e se permita que ela ecoe no interior do ouvinte. É preciso aprender a ficar no silêncio e se permitir a ouvi-lo. Assim, vamos estabelecendo um outro signo, esse de harmonia e delicadeza. Vamos recuperando o sentido para vida, que nada mais é do que vivê-la bem.

13 de abr. de 2011

Histórias do leitor

Literatura só tem uma função, a de nos fazer sonhar. Mas é o sonho que cria a realidade. Uma pessoa me disse que tudo o que ela aprendeu deve aos livros. Estamos sempre aprendendo a ser, doando significados para aquilo que vivemos, num processo continuado de aprendizagens e a literatura se encarrega de nos auxiliar nessa caminhada.Ela nos pega pela mão e diz, venha, isso é o que eu tenho para lhe mostrar, e agora é com você, crie o sentido que melhor se encaixa para sua existência.

11 de abr. de 2011

Aventuras Literárias



Encontro com a escritora infantojuvenil
Cléo Busatto.
Dia 12, terça-feira, às 15h.
Na Seção Infantil,no segundo andar da BPP. Promoção: Divisão de Coleções Especiais da BPP. Entrada franca.

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