29 de abr. de 2012

O presente de Bartolomeu



Panthera onca, Belize

Hoje abri o Dicionário de Símbolos em busca dos quatro elementos e encontrei Bartolomeu Campos de Queirós. Foi assim. No ano passado dei a ele uma caixa com três antigos carretéis de madeira, ainda carregados com fina linha com tons em dégradé. Ele agradeceu com um cartão postal, da Taschen. De um lado um Jaguar, Panthera onca, Belize. Do outro sua mensagem poética. Eis que os elementos que eu buscava são amarrados com finos fios multicores evocando passado, futuro, e construindo o presente.

Estimada Cléo

Fiquei muito feliz com seu presente. Os carretéis são lindos e ainda com linhas coloridas... Estive sempre a me perguntar o “ porquê” de gostar tanto desses objetos que já não se usam mais. Acho mesmo que a vida é uma questão de costuras. A gente busca o passado, amarra com o presente e põe o futuro no sol.

Com meu muito obrigado e mais o meu abraço amigo, sempre,

Bartolomeu

em 12.07.11




26 de abr. de 2012

Histórias na Flicampos


No dia 5 de maio irei apresentar “As Histórias de Cléo”, no Festival Literário dos Campos Gerais - Flicampos. A ação acontece na Praça das Falas, às 14h.
A apresentação segue uma linha cênica, por meio da narração oral e da leitura em voz alta, sugerindo à plateia sua participação por meio de intervenções sonoras. Construímos com o público um momento de sensibilidade e prazer, por meio da arte literária. No espetáculo, de 50 minutos, utilizo instrumentos sonoros, livros e projetor multimídia, para mostrar como as diferentes linguagem se unem para encantar o ouvinte.

19 de abr. de 2012

A memória e a história

fragmentos e encaixes
puxar o fio da palavra que repousa no meu ser

A memória é história. Fonte de conhecimento, a memória certifica a sobrevivência dos saberes de diferentes grupos sociais e carrega consigo, a possibilidade de tornar o passado presente. Ela preserva a identidade individual do ser humano e, subjetivamente, garante a sua continuidade no seio de uma comunidade. Ao falar da memória, Paul Zumthor, autor que investiga a linguagem oral, nos alerta que a duração das lembranças pessoais no núcleo familiar é de duas ou três gerações.
Com o intuito de assegurar essa história, certas sociedades trataram de eleger profissionais da memória para manter o passado de muito longe. Eles foram chamados de skops, escaldos, bardos, rapsodos, griots. Nomenclatura diferenciada em cada cultura. Significado similar a todas: sujeito de memória prodigiosa que conta e canta a literatura do povo.
Quando se trabalha com a memória familiar e da comunidade, preserva-se a história e se favorece o desenvolvimento do processo de identidade cultural, bem como o exercício da cidadania, a recuperação dos valores humanos e o reconhecimento afetivo e cultural da ancestralidade enquanto origem e base do sujeito.
Ao acordar a memória, as emoções vêm juntas. São elas que ativam os sentimentos de quem ouve essas lembranças. Essa escuta atenta e sensível implica em respeito e reverência ao outro e exercita o olhar para os valores humanos.
O ato de narrar coloca os sujeitos, contador e ouvinte, um em companhia do outro. Estabelece cumplicidade ao oportunizar a mais primitiva forma de comunicação. Quem narra se sente vivo e importante, pois a memória não é qualquer coisa de morta, inerte, ao contrário, ela é atuante e motiva a vida. Estimular esse diálogo entre gerações, por meio das histórias pessoais é um ato educacional gerador da paz.

Texto integrante do livro O Fio da História, CLB Produções 

17 de abr. de 2012

Jornada de Literatura e Arte

O dia é 26 de abril. A hora é 19. O local é a Galeria de Arte Espaço 42, no Shopping Novo Batel. De 26 a 29 de abril. Quem  organiza a AEILIJ- PR, Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil sob a batuta da Marilza Conceição. 
Eu vou contar histórias. A conquista do fogo. Está no no livro Paiquerê, o paraíso dos Kaingang.
Com isso pretendemos lembrar algumas o livro infantil e prestar nossa homenagem a um dos precursores dessa literatura, Hans Christian Andersen.


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3 de abr. de 2012

Uma janela para ver Recife


A primeira vez que fui à Recife foi em 1995. Cheguei com olhar curioso, e atenta para aquele  mundo novo que se abria à minha frente, circulei pelos quatro cantos da cidade, do sertão e do litoral de Pernambuco. Um mês de andanças. Era Olinda, Brenand, Maria Farinha, Itamaracá, Itapissuna. Depois, rota do sul.  De Cabo de Santo Agostinho a Maceió. Noutros dias, caminhos do sertão: Caruaru, Alto do Moura, Mestre Galdino, Carpina... e Tracunhaém. 
Desde que atuei no espetáculo Relatório da 12ª Era, um delírio na forma de teatro que reuniu, de militante político (Rui César) a educadores (Rô Reis) e artistas (Gisela Arantes, Emmanuel Marinho, Hugo Possolo), lá pelos idos de 1980, que fiquei com a ideia fixa - Tracunhaém existe? Entre os instrumentos usados para sonorizar o espetáculo haviam dois grandes porrões de barro onde se lia, gravado em letras tortas, Tracunhaém/PE. No final do trabalho esses porrões ficaram comigo e me diziam, vai ver de onde saí.
Ciceroneada pela amiga-irmã Elza, pernambucana, contadora de história e na época parceira de contações, lá fomos nós, sertão à fora, atrás da dita cuja, que para minha surpresa, não só existia, como era um encanto feito de barro. Uma cidade oleira. Voltei carregada de pratos, panelas e moringa de argila


Pernambuco ficou na memória como um presente de Elza e dos seus pais. Elza foi morar em Israel. E eu, depois de zanzar por aí, optei por Curitiba. Sopra o vento. 2011. Recebo um convite de Camila, outra irmã da palavra, carioca com um pé em Recife. Uma linda que decidiu reunir as vozes que provocam devaneios por meio das histórias narradas. Lá vou eu pra cidade outra vez, agora em 2012,  numa viagem distinta, não mais pelas terras pernambucanas, mas pelos contos, sonoridades e sotaques evocados pelos contadores de lá. Ôxe! Pronto! É tempo de Conte outra vez

E nessa ida, com passagem pelo congresso de leitura Lercon produzido por outro lindo, o Hugo Monteiro, deixei por lá, o fogo dos Kaingang de cá. Antes me reuni com um grupo de mulheres amáveis e adoráveis, num dia de experimentos com a palavra falada. Um instante para brincar e pesquisar as possibilidades narrativas, com olhos voltados para os sentidos que as histórias deixam para nós. E nesse dia, descubro também Carol Lemos, com seus fios a bordar aconchegos.


Quanto presente a vida nos dá, quando se está aberto para recebê-los. Muitas vezes reclamamos que as coisas boas não chegam, mas esquecemos de abrir as mãos para apará-las, quando elas vêm até nós. Vê se risos dessa natureza não é um mimo para a alma? 


 Isso não foi posar na foto. Era assim o tempo todo assim. Brilho. Brisa. Vento. Maravilhamento. Alegria.


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