foto Cadi Busatto |
Impressões no final do projeto
Histórias da Cléo completou 100 apresentações. Em torno de 5.000 crianças, ouviram a pergunta, para que serve a literatura, a ficção, as histórias de mentira, se não nos ensinam a construir casa, levantar pontes, costurar vestido, ou cozinhar feijão com arroz?
Algumas crianças apresentaram respostas prontas, produzidas pelo meio escolar. Disseram que elas servem, para a gente aprender a ler; para se instruir; para imaginar. Outros, ousados e criativos, foram além: elas servem para nos fazer sonhar; nos ensinam a descobrir o novo; servem para nos fazerem feliz, opinaram. Adorei.
Depois, eu lhes apresentei a minha opinião. Disse que as histórias nos sensibilizam e nos preparam para a vida, para sermos um bom construtor de casa e de pontes; uma boa cozinheira ou costureira. Que as histórias nos tornam pessoas mais bonitas por dentro e, quem é bonito por dentro é bonito por fora. Adoraram.
Lancei a metáfora. Quando leio uma história, é como se colocasse um espelho à minha frente e visse refletida nele, não a minha imagem, mas a imagem do personagem. Este, é um sujeito ruim, preguiçoso e indolente, bruto, arrogante e mal-humorado. Olho e penso, eu é que não quero ser assim. Depois, leio outra história. Me encontro com outro personagem, esse um sujeito de bons princípios, honesto e corajoso, inteligente e solidário, generoso e amoroso, e digo, tá aí um cara com quem eu gostaria de parecer.
E assim, de história em história, de personagem em personagem, a gente vai escolhendo aquilo que é melhor para nós, o que nos faz bem e nos transforma naquilo
que a gente quer vir a ser.
Ao apresentar as vivências e histórias de vida de outros, a ficção ajuda a criança a construir o seu caminho, oferecendo a ela a possibilidade de reconhecimento do novo. E, ela que vive o tempo da descoberta, é favorecida por estas imagens que a literatura lhes oferece como presente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário