16 de mar. de 2012

A alegria como condição para educar

alunas da escola Amanda Leite Cunha, Itaguaçu/ES

Ao ler no horóscopo de Oscar Quiroga, que “a alegria que você deixa de experimentar a cada dia é a medida do encurtamento da existência”, imediatamente me conectei com o significado desse sentimento na minha vida. Concordo. Sem alegria a vida encurta, porque a tristeza ofusca o bem-estar, debilita a saúde e a capacidade de criar, compromete as relações, mina os bons pensamentos e afetos. Mas não rejeito a tristeza. Ela é a condição para a alegria existir. Sei da alegria, porque um dia soube da tristeza.
Porém, posso escolher com quem ficar. Escolho a primeira. Houve um tempo que vivi no subterrâneo da alma, arranhando as paredes do buraco para conseguir sair. Mas, ao findar-se a noite desse tempo, todas as coisas retornaram à sua natureza-luz. Ao começar o novo dia desse tempo, saí da penumbra, onde permaneci banhada por gordas luas cheias e misteriosas crescentes minguantes, e me banhei na luz do sol.
Alegria não é condição do meio. Não nos tornamos mais ou menos alegres, porque em torno está tudo bem. Ao contrário, o desafio é mantê-la apesar das contrariedades que a vida apresenta. Alegria é um estado do espírito, da consciência individual. Brota no coração, se expande pelo corpo, exala pelos poros, transparece no brilho da pele, cabelos, olhos. Ela nos aproxima da natureza crística ou da natureza búdica, se preferir. É opção de vida, complexa bem sei, já que muita coisa nos leva a dar as mãos para o lamento e o desespero.
Na educação, esse é um estado essencial para fazer do nosso saber, uma força que transcende teorias e práticas, e se apresenta como um modelo para a expansão da alma. A alegria traz frescor ao ato de educar transformando-o num ato de amor. É importante que se construa um novo cenário educacional, onde seus paradigmas ultrapassem o diálogo entre as artes, ciências, tradições e filosofias. Que se integrem às diferentes dimensões da realidade. Que sejam permeados por sentimentos elevados, aqueles que brotam dos chacras superiores, por meio da meditação, por exemplo, e que nos dotam de humanidade. Se isso não acontece ficamos presos aos níveis inferiores da matéria, sujeitos as oscilações dos ânimos e emoções.
Um olhar pedagógico que pretende religar o sujeito ao seu mundo interno, afim de que ele interaja com delicadeza e respeito com o meio e as pessoas, deve abrir espaço para efetivar tal estado de alma, e mostrar caminhos para alcançá-lo. Quando o educador se apresenta como modelo de um ser consciente e harmônico, ele transmite alegria. Isso torna os educandos que o cercam, seres mais felizes e solidários, pois promove o amor por si mesmo e pelo próximo, condições que geram a paz individual e coletiva. 

Um comentário:

  1. Parabéns pelo lindo texto, que expressa muito sentimento......

    ResponderExcluir

Arquivo do blog