2012 está sendo
um ano único, de confrontos, reestruturações, desapegos. Ele me pede para
encarar o viver de acordo com que acredito e habitar poeticamente o mundo; contemplar a transcendência para me aproximar da dimensão espiritual.
Tempo do fim de um tempo ou começo de um novo tempo? Não sei. O que sei
é que faço o caminho de volta, me avizinhando das origens. Meses atrás estive
na terra dos avós paternos, borrando os olhos de emoção ao encontrar os muros
de pedras das nossas casas, estruturas familiares que me sustentam - olha a
metáfora me organizando. E há algumas semanas cheguei perto da terra dos bisavós.
Mais alguns passos e estaria em Veranópolis, aonde eles chegaram há um século e
algumas décadas abrindo caminho na serra à facão. Mas não era o momento.
Naquele, eu deveria estar com as crianças que me esperavam na Feira do Livro de
Farroupilha.
Tudo me leva ao
passado para significar o presente Será indicação da morte? Dizem que quando
ela se aproxima, a gente começa a rever nossa história. Ao escrever isso, rio.
Ela não me assusta. Morro a cada milésimo de segundo que vivo. Na hora que vier
será bem recebida, como se acolhe uma amiga, certa de que passei bem por aqui.
Não farei o papel do homem que barganhou com Morte (da história apresentada no
livro Pedro e o Cruzeiro do Sul). O
sujeito foi logo pedindo um bônus. A Morte concedeu um tempo a mais e marcou
dia e hora pra voltar. Mas no dia combinado, o homem decidiu que não iria
acompanhá-la. Disfarçou-se de velho e foi se esconder na festa de um amigo. A Morte
chegou à sua casa e ficou sabendo que ele foi à festa. Lá não encontrou o
desejado, mas viu um velho atrás de uma porta e pra não perder a viagem,
pensou, já que não encontro quem vim buscar levarei esse velho comigo, assim
não perco viagem.
Como diz o pai,
personagem desse mesmo livro, “este é o segredo, meu filho. Tudo no mundo
nasce, cresce e morre. Agora, fique tranquilo. Veja as estrelas. Elas também
morrem. Um dia, viram pó. Somos todos pó de estrela. Viemos do espaço e para lá
vamos voltar”.
Pois então, que
passe 2012 e nos traga um tempo novo, com a consciência ampliada, o coração
mais amoroso e muitas histórias pra contar.
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