13 de set. de 2013

A palavra falada (quando o texto se transforma em som)

Oralidade nos anos iniciais é o tema da palestra que irei apresentar no XVII Congresso e Feira de Educação, SABER 2013, em São Paulo no dia 20 de setembro , das 9hs às 11hs.

   A narração oral de história, exercício da voz falada, expressão estética manifestada a partir de um exemplar literário, estrutura o pensamento e propicia diferentes experiências. Um texto bem narrado conduz a uma vivência simbólica, pois o sujeito-ouvinte aprende a se relacionar com as representações da palavra. Propicia uma vivência social, porque proporciona o acesso ao acervo de conhecimentos acumulados por outras culturas.
   Como consequência ativa a valorização étnica e a construção da paz, pois gera o respeito à diversidade criadora. Promove uma vivência educativa ao possibilitar diferentes atitudes diante de um texto concretizando uma aprendizagem múltipla. 
   Alteridade é outra vivência que esta prática proporciona. Por meio do texto narrado o ouvinte vive a história do personagem sem correr os riscos que porventura ele corre; experimenta situações singulares; prova afetos; exercita habilidades. Esta subjetividade implícita na literatura amplia a consciência ética e estética do ouvinte.
   Contar histórias pede disponibilidade e generosidade por parte do narrador. Demanda um envolvimento com a história e seu simbolismo. A narrativa bem conduzida abre a possibilidade para que o espectador crie sua própria história, a partir dos elementos que lhes são oferecidos. Por isso a importância de alguns critérios, como a escolha de textos de reconhecido valor literário, que priorizam as imagens nítidas, propõem acordos ficcionais e poéticos, andam de mãos dadas com fantasia, ampliam as leituras que o leitor pode fazer de si e do outro e possibilitam o contato com seu mundo interior.
   Contar histórias, prática milenar, sustenta um toque de contemporaneidade, porque se encaixa em paradigmas educacionais emergentes, como a transdisciplinaridade, linha de pensamento que prevê, entre outros preceitos, a inclusão dos diferentes níveis de realidade que se abre para os diferentes níveis percepção. Já a literatura oral se sustenta na complexidade, na compreensão e aceitação das diferentes culturas, olhares que favorecem uma formação complexa, redonda, ampla e abrangente.
  As boas histórias, aquelas permeadas pela alma do mundo provocam a sensação de pertencimento a algo maior, como ser perpassado pelo mistério da vida. Uma boa história leva à transcendência dos limites do mundo pessoal, marcado por dores e alegrias, para introduzir o sujeito-ouvinte na universalidade da experiência humana.  Através das histórias descobre-se que os afetos, seja o sofrimento, o amor, o sacrifício ou a coragem não são privilégios de poucos. Estes sentimentos lembram ao ouvinte como é eterna e universal a busca pela paz e pela liberdade; a busca por uma vida de harmonia livre dos conflitos e das dores.
   Essa sensação de pertencimento sugerida pela literatura faz toda a diferença. Facilita a experiência com o sagrado, que se revela a partir do aguçamento ou expansão repentina da percepção, e pode ser sentida com a mudança do nível de consciência. Para isso existem as histórias. Para isso existe a literatura.

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