Histórias da Cléo, 2014

Histórias da Cléo, 2014
foto Cadi Busatto
Impressões do início do projeto
Na minha memória a imagem de cada rosto, cada gesto, cada cara de surpresa, 
medo, descoberta e encanto. Que invenção gostosa é Histórias da Cléo. 
Em cada apresentação eu encontro, com as crianças, uma nova intenção para o texto que escrevi. Suas expressões e impressões despertam simbologias que eu não me dava conta, 
ao ler o texto, silenciosamente, para mim.
Quando eu leio para elas e vejo suas reações, percebo sentidos e ritmos que já estavam lá, silenciosos, aguardando para serem desvelados. Isso está sendo muito bom. 
Estou adorando, crianças, adorando.

foto Cadi Busatto

Impressões no final do projeto
Histórias da Cléo completou 100 apresentações. Em torno de 5.000 crianças, ouviram a pergunta, para que serve a literatura, a ficção, as histórias de mentira, se não nos ensinam a construir casa, levantar pontes, costurar vestido, ou cozinhar feijão com arroz?
Algumas crianças apresentaram respostas prontas, produzidas pelo meio escolar. Disseram que elas servem, para a gente aprender a ler; para se instruir; para imaginar. Outros, ousados e criativos, foram além: elas servem para nos fazer sonhar; nos ensinam a descobrir o novo; servem para nos fazerem feliz, opinaram. Adorei.
Depois, eu lhes apresentei a minha opinião. Disse que as histórias nos sensibilizam e nos preparam para a vida, para sermos um bom construtor de casa e de pontes; uma boa cozinheira ou costureira.  Que as histórias nos tornam pessoas mais bonitas por dentro e, quem é bonito por dentro é bonito por fora. Adoraram.
Lancei a metáfora. Quando leio uma história, é como se colocasse um espelho à minha frente e visse refletida nele, não a minha imagem, mas a imagem do personagem. Este, é um sujeito ruim, preguiçoso e indolente, bruto, arrogante e mal-humorado. Olho e penso, eu é que não quero ser assim. Depois, leio outra história. Me encontro com outro personagem, esse um sujeito de bons princípios, honesto e corajoso, inteligente e solidário, generoso e amoroso, e digo, tá aí um cara com quem eu gostaria de parecer.
E assim, de história em história, de personagem em personagem, a gente vai escolhendo aquilo que é melhor para nós, o que nos faz bem e nos transforma naquilo
que a gente quer vir a ser.
Ao apresentar as vivências e histórias de vida de outros, a ficção ajuda a criança a construir o seu caminho, oferecendo a ela a possibilidade de reconhecimento do novo. E, ela que vive o tempo da descoberta, é favorecida por estas imagens que a literatura lhes oferece como presente.


Caixa Cultural - EM Profª Olívia Nogueira, São José dos Pinhais, 16 de abril
 

100ª apresentação da intervenção artística-literária Histórias da Cléo
Essa linda, aí, ficou olhando para mim, enquanto eu lia e narrava Pedro. 
Quando falei da estrelas, vi, seus olhos eram estrelas.


Caixa Cultural - CEI Mariinha, Campo Largo
16 de abril

Espontânea e tocante descrição sobre o significado da literatura veio deste menino de azul. Ela ajuda a descobrir o novo e nos faz feliz.

Caixa Cultural - EM Rosa Pichet, Araucária 
15 de abril

Uma turma de pequenos e duas tigrinhas. Tem conto de fada?


Caixa Cultural - EM Nathália de Conto Costa
15 de abril

A escola municipal Nathália de Conto Costa, que vem do Umbará, divisa com Fazenda Rio Grande, voltou ao projeto Histórias da Cléo, na Caixa Cultural, agora com a turma de 5º ano.
Chovia muito. Frio. Chegam todos, braços recolhidos, encolhidinhos.
Comentei sobre a chuva e o frio, e perguntei a eles se história aquece.
- Sim, responderam.
- Aquece o quê?
- O corpo.
- Por que? Argumentem sua afirmação. Por que vocês acham que as histórias aquecem o corpo?
- Por que a gente se distrai e esquece do frio.
Perfeito.


Caixa Cultural - CEI Mariinha, Campo Largo
09 de abril

Hoje foi um desafio. Trabalhar com idades, cuja compreensão e interesse escorrem pelas extremidades dos livros escolhidos para o projeto. Cinco, seis, doze e treze. 
Ainda assim consegui pontos de liga. 
Para os pequenos eu tinha Livro dos números, bichos e flores, como opção. 



Um grupo feminino. Ternura pura.



Caixa Cultural - EE Francisco Cordeiro, Contenda
09 de abril


Para os maiores, a saída foi me apropriar de um discurso mais elaborado, ao falar dos assuntos dos livros, após sua leitura. Com O florista, peguei carona com Kafka e sua A metamorfoseCom Pedro, a elaboração do significado da morte.


Caixa Cultural - EM Rosa Pichet, Araucária 
08 de abril


A professora Cristiane, linda, me apresentou aos alunos,
enquanto me oferecia um presente raro: revelou que fez um trabalho com minhas obras, tanto no seu projeto acadêmico, quanto com seus alunos leitores. 



Com aluno-leitor é assim, nada passa despercebido.  
Percepção aguçada e respostas inteligentes.



Para mim este é o sentido de escrever literatura. 
Saber que ela toca delicadamente o outro. Retorno para o que se produz 
com a matéria fina da alma.



Caixa Cultural - EM Nathália de Conto Costa
08 de abril

Ray Charles espia nossa arte. 
Para que serve as histórias? Para nos fazer feliz, responde a pequena menina. 



... e saem felizes.


Escola Projeto 21, 04 abril

Alguns, já conheciam os livros, mas a forma de apresentar os torna novos.


EM Julia Amaral Di Lenna, 03 abril

Desenvolver projeto de literatura em biblioteca faz toda a diferença. 
Nesta escola confirmei minha intuição. 
PaiquerêO florista e a gata Pedro e o Cruzeiro do Sul 
falam também, às crianças de 11 anos.





EM Julio Moreira, 02 abril

Lindos. Sempre.


EM Walter Hoerner, 02 abril

Silêncio. Primeira marca da escola. Adriana Calcanhoto canta "avião sem asa, fogueira sem brasa, sou eu assim sem você", para anunciar o recreio. É bom estudar com quietude.





EM Sonia Kenski, 01 abril

Adoro ver as carinhas atentas e curiosas.




EM Lina Moreira, 31 março

A mediação de leitura pode ser divertida, sim. 

EM Francisco Meszner, 31 março

Escola que reconhece a literatura como um meio, para se transformar e transformar o outro, oferece aos seus alunos um presente raro. 



A possibilidade de ampliar seus horizonte e de 



habitar poeticamente o mundo. 




EM Papa João XXIII, 28 março

Essa é para acabar com o preconceito dos mediadores que fogem dos livros com temas polêmicos, como a morte. Ao finalizar a leitura de um capítulo do livro Pedro e o Cruzeiro do Sul, este aluno, que vibrou e participou com entusiasmo da apresentação, exclamou com toda voz  (isso mesmo, exclamou, com ponto de interrogação no final da fala) ,
"que massa essa história!!!". Na Maria Tesseroli  isso já havia acontecido e, 
eu ouvi em outra sessão, esse mesmo comentário de, quase chorei com a história. 
Porque então, ainda hesitamos em apresentar às crianças, livros que tratam de assuntos delicados? Será que é porque nós mesmos não damos conta de lidar com eles?



EM Nair de Macedo, 27 março

Primeira coisa que a literatura nos ensina. Para aprecia-la e desvendar seus segredos, o silêncio é fundamental. Nenhum projeto de literatura acontece envolto por ruídos, a não ser aquele que a própria literatura expõe.



EM Maria Tesseroli, 26 março

Pedro e o Cruzeiro do Sul faz rir e faz chorar. 
No intervalo entre as sessões, a professora trouxe os retornos da turma. Amaram. 
Pedro, seu aluno, veio lhe contar que a história de Pedro quase lhe fez chorar. 
- Seus olhos estavam molhados, disse a professora. 
Eu me emociono e, reafirmo a mim, a força sensibilizante da literatura que toca a alma e a imaginação.




EM Padre Anchieta, 25 março

Um mar de crianças se encantam com Pedro. 
Gestora do Núcleo Portão faz a ponte entre o Farol do Saber e a escola.




EM Umuarama, 24 março


O encanto das histórias se traduz na face das crianças.




EM Ivaiporã, 24 março

Um pedacinho do cosmo na biblioteca Herbert de Souza. O universo nos livros da biblioteca.



Atenção e delicadeza.


EM Margarida Dalagassa, 21 março

Alegria, bom humor 


e disponibilidade para ouvir.





3º, 4º e 5º ano se deixam levar pelo ritmo da narrativa







EM Moradias Ribeirão, 20 março

Após a leitura do livro O florista e a gata, ouviu-se na sala um coro de "Ahhhh! Mas já acabou?"  Isso foi apenas a leitura da primeira página do livro, falei.
E a professora de literatura se comprometeu. Irá levar o livro para a sala de aula. 



EM Rio Bonito, 19 março


Fui parar no Rio Bonito, nos limites de Curitiba. Não sabia que era tão longe. 



Cheguei minutos depois do tempo que gosto de chegar pra organizar o trabalho e fui entrando na biblioteca sem olhar para os lados. 


De repente surpresa. A biblioteca respirava as obras de Cléo Busatto.

Já era uma alegria ser recebida na biblioteca. Isso demonstra respeito à literatura e ao trabalho que ofereço a eles. 


Fui recepcionada pela Soraia. Seu cargo, auxiliar de serviços gerais, mas a sua sensibilidade lhe faz uma mediadora de leitura atenta e dedicada. 



Ela promoveu, juntamente com os alunos e professores, 
um passeio por alguns contos do meu livro Contos e Encantos dos 4 Cantos do Mundo. 




O livro apresenta as marcas do uso. Isso me deixa feliz. Deduzo que foi manuseado e lido, 
não apenas mal tratado. 




Ela contou as histórias e as crianças as recriaram plasticamente. 


Isso faz toda a diferença. Os alunos vão para a atividade sabendo que a pessoa que estará ali na sua frente é um escritor, um sujeito que inventa histórias e promove o sonho.


 

Essa postura de um corpo docente demonstra sua reverência à leitura literária e à literatura. 


Revela que eles dão espaço para a dimensão do sensível e do simbólico, e sabem das consequências deste mergulho no processo educacional.


EM Hamilton Calderari, 18 março

Longe, muito longe, no confim de Curitiba. 


A observação que tenho feito é que quanto mais longe do núcleo central fica a escola, 
mais silenciosas são as crianças, mais reservadas, talvez.

 Porém, não menos encantadas e encantadoras.


Escola Trilhas, 17 março

Mais leitores das minhas obras e observações perspicazes e sensíveis. 
Ao falar dos efeitos da literatura na nossa vida, eu dizia que por meio da obra ficcional, 
que é uma mentira, uma invencionice do autora gente vai criando aquilo que considera bom pra nós. Nesse momento, um aluno observa, "e a mentira vai se tornando uma verdade". Perfeito! 



Depois, depoimento emocionado e emocionante da Iva, no final da leitura de Pedro e o Cruzeiro do Sul, "o livro poético e sensível". 
Gratíssima. Fiquem com a imagem de um espaço de sonho.


EM Professor Brandão, 14 março

Uma surpresa seguida de outra. Alguns leitores das minhas obras. Uma aluna me emocionou! Citou passagens de um livro e tinha os olhos brilhantes. 



Um dos alunos assiste o inter programa De caso com a palavra. Ele veio confirmar que era eu quem apresentava o programa. Disse que assiste e acha legal.


 Uúúúú.... sala lotada nas três apresentações. Participação. Encanto. Riso.
E, mais surpresa, lá pelas tantas, ouvi de um aluno, "nossa, eu quase chorei com a história do Pedro". Pronto, o presente do dia. 


Outra beleza foi a presença da Nata Santos com seus filhos. Lindos.
(ela desenvolve um trabalho acadêmico sobre minhas obras).


EM Nossa Senhora da Luz, 13 março

Biblioteca da escola Nossa Senhora da Luz. Fiquei feliz. 



Biblioteca de verdade, ativa, bons livros em estante aparente, 
bibliotecária comprometida e crianças sensibilizadas pela literatura.



Torço para que outras bibliotecas escolares reencontrem este caminho 


e que os Faróis do Saber voltem a ser um farol para a comunidade.


EM Issa Nacli, 12 março


 Na Issa Nacli um show de disponibilidade das crianças e da equipe.



 O Núcleo Cajuru (Miriam Agathe) presente nas suas escolas. Comprometido com a literatura. Isso faz diferença.


EM Monteiro Lobato, 11 março


 "Era uma velha furunfunfelha de maracuntelha...", do livro Pedro e o Cruzeiro do Sul,
 diverte os pequenos, na Monteiro Lobato




EM Eva da Silva, 10 março

 Imagem da atenção e da descoberta, na Eva da Silva. 



 Bibliotecárias do Farol presentes na apresentação. 



Professores que gostam de história é um presente para o aluno.



EM Maria Augusta Jove, 7 março

Outra boa resposta para a pergunta, o que é uma onomatopeia.
A resposta foi de um aluno da escola Maria Augusta Jove.
" Onomatopeia é um bicho estranho com 26 pernas e onde ele pisa nasce uma letra."
O dia foi de chuva forte. Como ler e contar histórias com uma chuva de granizo no telhado da escola? A chuva agita os pequenos, provoca medo, desestabiliza. Em dias assim, só mesmo história de computador.

 

Ouvir histórias esparramado pelo chão e chupando pirolito é uma delícia. 



EM Francisco Hubert, 6 março
Depois de apresentar O florista e a gata, onde a  personagem menina acorda 
de madrugada transformada em gata, 
conto pra eles de um personagem que foi dormir homem e acordou barata. 
Argh! Expressam em coro. - Sério, Cléo???
- Sério. Ele é personagem do livro chamado A Metamorfose, de um autor chamado Kafka.
Cara de espanto e curiosidade. O que mais precisa para levar o aluno a se interessar pela leitura literária?


EM Jornalista Arnaldo Alves, 27 fevereiro

O que é onomatopéia? Raio X do pé? Prima da centopéia? Um palavrão? 
As tentativas são ótimas. Tic tac tic tac... pling... shhhh... 




Estar na biblioteca faz toda diferença.


O medo se encarrega de ensinar o que é a coragem. 





EM Paulo Freire, 26 fevereiro
Na Paulo Freire não teve registro fotográfico. Esperando o material da professora. O contra turno surpreendeu a autora com a pesquisa que fizeram. Tinham assistido aos vídeos, sabiam nome e sinopse dos livros publicados e atentos, descobriram e repetiram, a literatura faz a gente ficar bonito por dentro para ficar bonito por fora.


EM Araucária, 25 fevereiro


Dia da escola Araucária. Dia de 1º e 2º ano. 
O ingresso para o espetáculo era me mostrar o livro que estão lendo. 


 A gente aprende a arte de contar histórias com cada grupo que chega a nós. 



Com os pequenos o tom é outro. 
Sai a abordagem direta e reflexiva para com o adolescente e se busca outras representações. 
Os pequenos pedem modelos mais elaborados, com a narrativa. 



- Nós vamos brincar?", perguntou um deles. 
- Sim, respondi, vamos brincar com as palavras.
Adoraram.




EM Herley Mehl, 24 fevereiro 

Na Herley Mehl a apresentação foi para 5º e 6º ano. 
Mudar o tom, o volume, o corpo, a intenção. Era uma velha furunfunfelha fez sucesso por lá. Grata equipe pedagógica, professores e alunos. Até a próxima.



EM Jaguariaíva, 20 fevereiro

Delícia de tarde, com bolo da professora Rosana, jujuba como presente dos docentes, 
olhares e corações dos alunos, e dezenas de bolinhas de papel, 
produto da dinâmica de uma das turmas. 


criança escrevia uma palavra-chave para mim e fazia uma bolota com o papel. 
Voltei com o saco de bolinhas de papel e resolvi continuar a brincadeira. 
O Lao, meu gato loiro, adorou. Elas estão todas sobre a mesa. 
Resolvi que vou abrir uma por dia, depois eu a descarto. Enquanto isso, Lao brinca com elas. 
E, vejam só a palavra do dia foi, amor.



A dinâmica da Jaguariaíva hoje me surpreendeu com o papel em branco.

Brincadeira de criança. Ela não escreveu a palavra, mas fez a bolinha e me entregou. Simbolizando este gesto deixo escorrer o vazio pelo meu dia.


Palavra do dia, verdade.Tenho levado adiante a dinâmica dos alunos. 
Meu dia passa a ter o tom da palavra que a bolinha carrega.


É assim. 
No começo era o amor e a verdade. Abriu-se um espaço vazio, o branco, o nada, para ser preenchido com as outras palavras que viriam. 
E veio a alegria. Ela se espalhou pelo espaço na forma de brincadeira, curiosidade, prazer. Alegria é o Lao brincado com as bolinhas. 
Bom gosto é viver no meio das histórias, escrevê-las, recontá-las, aprender com elas. 
Liberdade é a capacidade de fazer com alegria aquilo que deve ser feito.



2 comentários:

  1. Maravilhosa escritora!!! Estou amando desenvolver a pesquisa acadêmica sobre as obras, projetos e biografia dessa pessoa (escritora) encantadora.
    Agradeço pela oportunidade... Foi uma experiência única em minha vida acadêmica e essa... vai contribuir para minha formação!!!

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  2. Gratíssima, Natair, meu carinho pra você.

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