Boa noite, Mandaguari

   Boa noite, Mandaguari


Quero lhes contar uma história de leitor e com ela demonstrar como a literatura pode nos transformar em sujeitos do bem que buscam o melhor para a sua comunidade.

Tânia Gomes da Silva
Num dia de abril de 2013 recebi um e-mail de uma mulher chamada Tânia que me contou uma história linda. Apresentava-se como presidente de uma entidade filantrópica, a Comunidade Social Cristã Beneficente, fundada há quase 30 anos pelo Dr. Osvaldo Alves, na cidade de Mandaguari, no interior do Paraná e coordenadora do projeto de literatura da biblioteca e bebeteca Papai Quinha desta instituição.

Dr.Osvaldo Alves
Duas funcionárias da entidade me viram no fórum de literatura que coordenei recentemente e segundo ela, não paro de ouvir elogios ao seu trabalho. Seu e-mail era um convite. Queria me levar para fazer um trabalho com eles.


Comecei dizendo que ela me contou uma história, mas na verdade são duas: uma, linda, que é sua paixão pela literatura e outra, não tão linda assim, que fala da falta de recursos para a manutenção do projeto; das verbas públicas que foram cortadas e a mais triste, da desvalorização e desconhecimento da literatura enquanto arte de poder transformador, tanto na dimensão individual como social.


equipe da Comunidade
Eu aceitei o convite e procurei viabilizar a minha ida. No dia da apresentação que lotou os 400 lugares mais as 100 cadeiras extras do Centro de Convenções dei uma entrevista na rádio e falei sobre os efeitos e afetos da literatura. Tânia,  que fala a mesma língua identificou o tom. O nosso discurso se repete e faz eco com o de muitas pessoas espalhadas pelo mundo e que são agentes de reencantamento por meio da arte literária. O reconhecimento de que a literatura nos acalenta e apresenta múltiplas perspectivas para nossa vida não é novo para nós, mas é para a maioria das pessoas. 
plateia lotada
Literatura para sensibilizar o mundo e, como quer Tânia, para suavizar um mundo marcado pelas privações é o que se propõe naquela casa simples, porém ampla na sua proposta. As crianças vão para lá no contra turno escolar e encontram atividades artísticas e esportivas.

prefeito Romualdo Batista e secretária de Ação Social Vâine Batista
A menina dos olhos de Tania é a bebeteca que atende 180 bebês e crianças até quatro anos e  a biblioteca que oferece projeto a 130 crianças e adolescentes. Quando se conhece a história da Tânia  se entende a sua paixão pela literatura. Seu pai foi o seu mediador de leitura. Ele lhe pagava com pequenas moedas para que ela decorasse poesias e as declamasse para ele. Com este dinheiro eu comprava refrigerante crush e casadinho. Por isso, até hoje, o livro para mim tem gosto de doçura.

crianças do projeto
As histórias de leitor se repetem e todas têm um final feliz. A literatura lhes abriu portas para um mundo mais justo, pleno e sensível. 


2 comentários:

  1. Maravilhoso, sem palavras...
    Muito conhecimento adquirido.
    Volte Logo Cléo.
    Ju

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  2. Parabéns Tânia pela sua determinação e dinamismo!!!

    Claudemir

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Oralidade na primeira infância

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