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Cléo Busatto: a contadora de histórias estará presente todos os dias na Bienal
Cléo Busatto, catarinense radicada em Curitiba, é quase sinônimo de contação de histórias. A relação dela com o universo da leitura é tão profunda, que a organização da Bienal do Livro Paraná a convidou para ser a curadora do Espaço da Criança (Circo das Letras), que oferecerá ampla programação a leitores de 8 a 12 anos, conteúdo que também poderá ser usufruído por curiosos de todas as idades.
No dia 2 de outubro, ela participa, ao lado de Rodrigo Lacerda, da mesa-redonda Pequenos Leitores, Grandes Leitores. A mediação do encontro será do editor do GAZ+, Cristiano Luiz Freitas. A seguir, algumas ideias de Cléo:
O que uma pessoa, de qualquer idade, ganha participando da Bienal do Livro Paraná?
Ganha conhecimento, amplia sua consciência ética e estética. Frequentando espaços dessa natureza, uma pessoa entra em contato com pensamentos, pensadores, outras formas de ver o mundo. Ao visitar um evento desse gênero, saímos de uma existência autocentrada e provinciana e nos damos conta da grandeza do ser humano.
Isso quer dizer que circular em meio a livros e escritores faz bem à saúde?
Muito. A gente só tem a ganhar com um bom livro. Dia desses, uma pessoa me falou que tudo o que ela é e aprendeu, deve aos livros. Ela vem de uma família não ledora e pouco participativa. Então, foi buscar nos livros a base para a sua autoformação. Estamos sempre aprendendo a ser, criando sentidos para aquilo que vivemos e num processo continuado de aprendizagens. A literatura se encarrega de nos auxiliar nessa caminhada. Ela nos pega pela mão e diz, venha, isso é o que eu tenho a lhe mostrar, e agora você cria o sentido que melhor se encaixa na sua existência.
Cléo, é possível afirmar que o simples fato de frequentar um ambiente como o da Bienal do Livro Paraná já deixa a pessoa com vontade de ler?
Com certeza. Só o fato de frequentar ambientes onde o livro se faz presente já desperta o desejo de ler. Eu aprendi a ler sozinha, aos três anos e meio, simplesmente por crescer num lar que tinha livros, revistas por todo canto. Meu pai lia Seleções, O Cruzeiro, romances. Eu vivia com as revistinhas infantis em torno de mim. Os armários continham livros. Minha mãe era professora, seu mundo girava em torno das letras. Meu irmão foi um grande leitor. Eu li Os Miseráveis, de Victor Hugo, com oito anos. Estava lá. Bastava apenas tirar da estante. A história me envolveu, encantou, chorei com a personagem infantil, a sua dor pela perda da mãe.