31 de jul. de 2015

O que o leitor faz com a gente, ou, os efeitos que os afetos do leitor provocam no autor



Não sei como as coisas se processam com outros autores, mas comigo é assim: perceber que minha obra toca, vibra, sensibiliza o leitor, me vira do avesso, faz brotar um oceano dentro de mim, tsunami em forma de gratidão.

Eu vou escrevendo o que minha alma pede. Não foco num leitor específico, mesmo por que, acho que meu leitor pode ser todo aquele que se identificar com o texto. Pode ter 10, 20 30, 80 anos. Gênero? Homem, mulher, hetero, homo, bi, tanto faz. Raça? Ah, somos todos filhos da Mãe Terra! Religião? Cabem todas que acolhem o amor, a compaixão, a paixão, a generosidade, respeito, flexibilidade, tolerância.

Quando eu escrevo falo de mim, ainda que não conte fatos de mim. Afinal, que posso oferecer ao meu personagem senão a minha experiência de vida, meus afetos, minhas dores e alegrias? Como olhar para um personagem se eu não olhar para mim e vê-lo através de mim? Só posso oferecer ao personagem o que tenho. Só posso falar do que sei. Desta forma sou honesta com ele.

Quando um personagem nos toca, (e isto eu falo como leitora!) se processam maremotos dentro da gente que tiram as coisas do lugar e as recolocam de outro jeito, que tem mais a ver com o que a gente é. A literatura me salvou da mediocridade e me impulsou a ir adiante. Me mostrou que  a vida é muito mais do que aquilo que eu vivia, muito mais rica e cheia de possibilidades.

Eu sempre defendi a literatura como uma poderosa via de autoconhecimento e perceber que aquilo que eu escrevo se aproxima da minha teoria é um retorno e tanto. Indica que eu, não apenas  como escritora, mas como ser humano, estou caminhando por um bom caminho. . Que valeu a dúvida, o medo e a insegurança que passaram por aqui. Eles não me imobilizaram. Ter vivido estes sentimentos e olhado pra eles, generosamente, foi um via para transformá-los em coragem, confiança e amor, por mim e pela minha obra.


Obrigada, querido leitor. Escrevi no agradecimento de  Fofa do Terceiro Andar, que sua alma é o solo fértil para o que escrevo. E assim está sendo. Sinto-me ainda mais tocada a buscar o silêncio dentro de mim para produzir outras obras, que lhe acolham e lhe embalem.  Até lá.


19 de jul. de 2015

Lançamento A Fofa do Terceiro Andar


Resenha no Viagens de Papel

A fofa do terceiro andar, de Cléo Busatto

Publicado pela Galera Júnior, A fofa do terceiro andar é o primeiro livro juvenil escrito pela autora Cléo Busatto. Com pouco mais de 140 páginas, a obra é narrada em 1ª pessoa, em formato de diário, por Ana Vitta. Ana é uma tímida adolescente de 14 anos que sofre, diariamente, por seu excesso de peso. Além de ter a saúde prejudicada, ela enfrenta muito bullying na escola, o que a deixa triste, desanimada e com vontade de comer ainda mais. O diário, presente dado por sua mãe, é uma maneira dela colocar para fora suas angústias, medos, sentimentos mais profundos.

Um dia, Ana está na escola e passa por um grande constrangimento. O episódio é o estopim para que a menina decida começar uma dieta, procure fazer mais exercícios e tente eliminar todos os quilos extras. A partir daí, Ana passa a contar como é a mudança, o que está fazendo para se adaptar e os efeitos que a decisão provoca. Além do amadurecimento da história, há uma grande mudança na protagonista. Ana não passará apenas por transformações físicas, como também terá que se redescobrir como pessoa. A princípio frágil, sem saber o que quer direito, ela perceberá que é muito mais forte e determinada do que imagina. Busca a mudança e faz por onde.

A partir do momento em que se torna mais confiante, ela mostra para os outros
quem é de verdade e desperta a atenção de muitas pessoas a sua volta. Uma dessas pessoas é Francisco, o menino que ajudará Ana a se aceitar melhore a conquistar seus objetivos. Juntos, eles enfrentarão diversos obstáculos, que os fortalecerão ainda mais.

A fofa do terceiro andar foi uma leitura surpreendente. A princípio, eu estava esperando um romance fofo, mas nada além disso. A obra se mostra consistente, com uma narrativa rica e fluída, e traz uma lição de aceitação bem legal. Além disso, elementos da música, literatura, mitologia, entre outros, estão presentes no livro, o que torna o torna ainda mais enriquecedor. A autora aborda muito bem a temática o bullying e, com uma protagonista determinada, mostra o que é preciso para mudar. Ana é uma garota que gera bastante identificação, principalmente no público a que o livro se destina, garotas e garotos no início da adolescência.

Durante a história, acompanhamos a jornada de Ana por pouco mais de dois anos. Nesse período, é possível encontrar diversas reflexões feitas pela garota e o que ela fez para se aceitar melhor. Claro que houveram recaídas, mas a vontade e persistência da menina são admiráveis e mostraram-se mais fortes do que os desafios. Gostei muito da leitura por diversos motivos: o tema que foi desenvolvido de maneira leve e envolvente; a narrativa rica, ao mesmo tempo em que simples; e o fato de ser uma leitura rápida, deliciosa. O livro pode ser classificado como juvenil, mas não se restringe à idade. Vale a pena dar uma  chance e se encantar pela história!

http://www.viagensdepapel.com/2015/07/a-fofa-do-terceiro-andar-de-cleo-busatto.html#.VaeSDUcmds4.facebook

A Fofa indicada na Atrevida


5 de jul. de 2015

A Fofa do Terceiro Andar

foto Mirella Pasqual




















"O bullying é um tema do momento, mas “A Fofa do Terceiro Andar” passa pelo assunto só para desembocar em algo maior, a própria visão de mundo e de si mesma, de Ana, a protagonista. (Helena Carnieri, Gazeta do Povo, 02 de junho de 2015).

http://www.gazetadopovo.com.br/caderno-g/literatura/livro-de-cleo-busatto-reflete-sobre-a-alma-adolescente-05pzajwl7ch9t75e8ny3a16cq

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