4 de ago. de 2010

Dona Cotinha, Tom e Gato Joca


Amigos,

por uma bagatela de R$ 6,90 você leva para casa essa edição especial da revista Escola - Contos - uma seleção de 27 textos para ler com crianças e adolescentes.
Não é o máximo? Tem poema da Tatiana (querida) Belinky; o Ricardo Azevedo; a Januária Alves, que não vejo há séculos; Flávio Carneiro; um poema lindo da Roseana Murray - como eu gosto do que ela escreve! Moacyr Scliar, e um artigo do Ceccantini falando sobre o sentidos do texto e outros escritores talentosos. 
Nem li a revista ainda, apenas passei os olhos e já resolvi compartilhar a notícia com vocês e deixá-los em companhia da dona Cotinha, do Tom e do delicioso Gato Joca. Gosto dele, viu?
É a revista Escola nesse movimento saudável de fazer do Brasil um país de leitores.



     "Em frente a minha casa tem outra casa, pequena, de madeira, azul com janelas brancas. Está no final de um terreno enorme com muitas árvores. Para mim aquilo é o que chamam de floresta.
Tom diz que é um quintal. Ali mora dona Cotinha, uma velhinha que tem cabelo lilás e dirige um fusquinha vermelho. Esse passou a ser meu esconderijo. Dona Cotinha sempre aparece com um prato de comida.
Diz:
    - Vem, gatinho. Olha só o que eu trouxe para você.
    Sou premiado com sardinha fresca, atum, macarrão. Tenho engordado além da conta. Dia desses estava tomando sol, quando ouvi o Tom me chamar. O danado sentiu meu cheiro e descobriu meu segredo. Ele estava no portão, quando chegou dona Cotinha, no seu fusquinha.
   - Bom dia, menino. - disse ela. Já que está em frente à minha casa, faça uma gentileza e abra o portão.
   Tom obedeceu. Dona Cotinha afagou a minha cabeça e perguntou:
   - Este gatinho é seu?
   - Sim, senhora.
   - Ele é muito educado.
   - Obrigado. - disse eu, na minha voz de gato.
   - No primeiro dia que o vi por aqui, ele entrou na casa e cheirou tudo. Agora, sempre deixo uma comidinha para ele!
  - Ah! Mas o Joca não come comida de gente, não senhora. Só come ração. - disse o Tom.
  - Come sim, meu filho. Come de tudo.
  Dona Cotinha acabava de denunciar a minha gula e o aumento de peso. Continuou:
  - Passe aqui no final da tarde. Faço um bolo de fubá com cobertura de chocolate que é de dar água na boca.
  Com água na boca fiquei eu. Naquela tarde voltamos à casa de dona Cotinha. Ela foi logo mostrando pro Tom uma coleção de carrinhos antigos. Era do seu filho, que morreu bem pequeno. Depois nos levou para uma sala repleta de livros. Tom ficou de boca aberta e perguntou:
  - A senhora já leu todos esses livros?
  - Praticamente todos. Ler foi minha diversão, meu bom vício. Infelizmente meus olhos não ajudam mais. Essa pilha que você está vendo aqui ainda nem foi tocada.
  Tom começou a ler em voz alta e sua voz encheu a sala de seres fantásticos. O tempo parou.
  Desse dia em diante, à tardinha, eu e Tom tínhamos uma missão. Abrir os livros de dona Cotinha e deixar os personagens passearem pela casa mágica, no meio da floresta da cidade de pedra."

6 comentários:

  1. Gostei.
    O gato é o seu tempo
    entre o tempo
    inexorável de Cotinha
    entre o tempo
    exorável de Tom.

    Nada mais gato
    que o próprio tempo!

    Beijos!
    T+
    Joba

    ResponderExcluir
  2. ê meu amigo Tridente, poeta encantado, tem razão gato é meu tempo, beijos

    ResponderExcluir
  3. Cléo
    Literatura, como a que você constroi, dá asas ao imaginário e sensibiliza o leitor.
    Os olhos ficam pregados ao texto e os demais sentidos pulsam na vibração das descobertas de cada nova linha escrita.
    Por isso o que você escreve é gostoso de ler.
    Abraços
    Marilza Conceição.

    ResponderExcluir
  4. Oi Marilza que retorno importante para um escritor. Obrigada minha querida,abraço e carinho.

    ResponderExcluir
  5. cleo, me encanta sua maneira de escrever. sou professor da rede estadual em sp, e estou trabalhando este texto com meus alunos, muito obrigado pela qualidade de seu trabalho!
    visite meu blog se tiver um tempinho, eu escrevo tb, mas nada tao bonito quanto vc:
    www.coffeeboylivinginacup.blogspot.com

    ResponderExcluir
  6. Amada Gui, teu jeito de repassar os saberes através da escrita e da oralidade, é tudo de bom que crianças, juvens e adultos necessitam para viajar no mundo da imaginação, do conhecimento, das emoções. Sabes bem o quanto aprecio teu trabalho, teu jeito de ser e de estar em cada lugar deste amplo planeta. Que nosso Pai Celestial continue te abençoando com tantas maravilhas. Você merece, amo você! Da Clau para Cleo com carinho!

    ResponderExcluir

Oralidade na primeira infância

Arquivo do blog