19 de set. de 2012

Agentes de reencantamento (ou De caso com a palavra*)


Domingo, 16 de setembro. Estou na Costa do Sauípe, na Bahia. Pela manhã falei aos participantes do II Seminário Internacional de Educação Infantil. Comecei a palestra sugerindo aos participantes que fossem mais que mediadores de leitura. Propus que se tornassem agentes de reencantamento. Sim. Contagie o aluno com as histórias e humanize o mundo.
Ora, que ler é condição básica para o exercício da cidadania, isso ninguém duvida. Mas reconhecer a importância da subjetividade e da fantasia na formação do ser humano; compreender que a literatura apresenta uma linguagem simbólica, intangível e que por meio dela se revelam as diferentes dimensões do sujeito; que ela nutre o imaginário e favorece o acesso ao mundo interno e suas representações; que abre intervalos para o reencantamento do mundo e à dimensão do sensível, elemento fundamental para o ato do conhecimento, ainda não é entendimento da maioria. Portanto, cabe a nós, leitores e mediadores de leitura, dimensionar e revelar os efeitos e afetos da literatura na nossa vida e na das pessoas com quem atuamos.
Essa ação que se inicia na sensibilização para a escolha do livro literário, dificilmente ocorre sem o papel de um mediador, seja em casa, na escola, na biblioteca e noutros espaços leitores. Promover a leitura desse livro é tarefa para um profissional já sensibilizado por ela. Ele é quem vai indicar caminhos; compartilhar o prazer em ler; vibrar com as descobertas do leitor e validar a importância da literatura.
Formar leitores não é uma tarefa fácil. Exige do sujeito-leitor um trabalho contínuo e dedicado, a fim de desvendar os meandros do texto nessa vertiginosa escalada em busca dos significados, seja do mais simples ao mais complexo escrito ficcional. Para essa tarefa pede-se a intervenção de um sujeito-promotor-construtor-de-vivências com a literatura, capaz de colaborar para a formação de outro, o sujeito-leitor-crítico-e-atuante. Para isso precisamos de boas histórias. Para isso existe a literatura.

(*) Texto integrante da reflexão sugerida no projeto De caso com a palavra, evento literário concebido e desenvolvido pela escritora Cléo Busatto. Realização do MinC e patrocínio da Copel. Apoio da Secretaria de Cultura e Biblioteca Pública do Paraná. Sua ação estende-se por 16 cidades do estado e prevê a formação de bibliotecários, atendentes e mediadores de leitura das bibliotecas públicas, além de fóruns sobre leitura e literatura.

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