Domingo, 16 de setembro. Estou na
Costa do Sauípe, na Bahia. Pela manhã falei aos participantes do II Seminário
Internacional de Educação Infantil. Comecei a palestra sugerindo aos
participantes que fossem mais que mediadores de leitura. Propus que se
tornassem agentes de reencantamento. Sim. Contagie o aluno com as histórias e humanize
o mundo.
Ora, que ler é condição básica para o
exercício da cidadania, isso ninguém duvida. Mas reconhecer a importância da
subjetividade e da fantasia na formação do ser humano; compreender que a
literatura apresenta uma linguagem simbólica, intangível e que por meio dela se
revelam as diferentes dimensões do sujeito; que ela nutre o imaginário e
favorece o acesso ao mundo interno e suas representações; que abre intervalos para
o reencantamento do mundo e à dimensão do sensível, elemento fundamental para o
ato do conhecimento, ainda não é entendimento da maioria. Portanto, cabe a nós,
leitores e mediadores de leitura, dimensionar e revelar os efeitos e afetos da
literatura na nossa vida e na das pessoas com quem atuamos.
Essa ação que se inicia na
sensibilização para a escolha do livro literário, dificilmente ocorre sem o
papel de um mediador, seja em casa, na escola, na biblioteca e noutros espaços
leitores. Promover a leitura desse livro é tarefa para um profissional já
sensibilizado por ela. Ele é quem vai indicar caminhos; compartilhar o prazer em
ler; vibrar com as descobertas do leitor e validar a importância da literatura.
Formar leitores não é uma tarefa
fácil. Exige do sujeito-leitor um trabalho contínuo e dedicado, a fim de
desvendar os meandros do texto nessa vertiginosa escalada em busca dos
significados, seja do mais simples ao mais complexo escrito ficcional. Para
essa tarefa pede-se a intervenção de um
sujeito-promotor-construtor-de-vivências com a literatura, capaz de colaborar
para a formação de outro, o sujeito-leitor-crítico-e-atuante. Para isso
precisamos de boas histórias. Para isso existe a literatura.
(*) Texto integrante da reflexão sugerida no projeto De caso com a palavra, evento literário
concebido e desenvolvido pela escritora Cléo Busatto. Realização do MinC e patrocínio da Copel. Apoio da Secretaria de Cultura e Biblioteca Pública do Paraná.
Sua ação estende-se por 16 cidades do estado e prevê a formação de
bibliotecários, atendentes e mediadores de leitura das bibliotecas públicas,
além de fóruns sobre leitura e literatura.
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