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Ciclo O autor no palco, que acontece no dia 3 de novembro, contará com a presença da escritora de livros infantojuvenis Cléo Busatto. Ela encontra os leitores às 9h, no Teatro Carlos Urbim (Av. Sepúlveda, entre Av Mauá e Rua Siqueira Campos). Cléo é uma das finalistas na categoria juvenil do 58° Prêmio Jabuti pelo livro A fofa do terceiro andar, abordando assuntos que fazem parte do dia a dia dos adolescentes do século XXI: o bullying e o empoderamento feminino.
A autora catarinense, radicada em Curitiba há 20 anos, escreveu mais de 20 livros, entre literatura para crianças e jovens, teóricos sobre oralidade e CD-ROMs. Como escritora infantojuvenil, também é autora de O florista e a gata (Biruta, 2010), Mitologia dos 4 elementos (CLB Produções, 2014), Paiquerê, o paraíso dos Kaingang (CLB Produções, 2014), entre outras obras.
Cléo conversou com o site da Feira do Livro sobre sua mais recente obra e a respeito da indicação ao Prêmio jabuti. Confira:
A fofa do terceiro andar é o seu primeiro livro destinado ao público juvenil e nele você trata de um tema delicado para as meninas: a relação com o corpo. Como se deu esta transição no processo de escrita?
Eu sempre tratei de temas delicados nos meus livros, mesmo nos infantis. Exclusão do diferente, sonhos, processos de autoconhecimento, morte, são alguns temas que perpassam a minha obra.
Não considero que passar a escrever para o jovem seja exatamente uma transição. Tampouco foi uma decisão racional, como, agora vou escrever para o público juvenil. A ideia da Fofa se apresentou e eu dei forma. Também não deixei de escrever para crianças. Entre a primeira versão do livro, que foi de 2006, até seu lançamento, escrevi vários infantis. Vou e volto aos diferentes públicos.
Vejo assim, num determinado momento eu convoquei a minha adolescente e criamos A fofa do terceiro andar. Daqui a pouco posso chamar minha criança e escrevemos outro infantil. Num outro instante pode vir à tona a mulher adulta e fazemos um livro para as mulheres. Apenas escrevo e me deixo levar pelo exercício da criação.
Você é especialista e mediadora de projetos sobre oralidade, leitura e literatura. De que forma essa atividade dialoga com o seu processo de escrita?
O processo de escritura e a mediação são dois momentos de um mesmo contexto. O primeiro é o instante da solidão criativa, no qual gero meus livros. O segundo é o encontro com o leitor, o que suscita faíscas de encantamento e gratidão. Nele, vejo com clareza, como os personagens a quem dei à luz, entram na alma das pessoas e produzem cenas memoráveis, de presentificação e permissão à vivência de memórias caras e sentimentos fortes. A mediação se encaixa neste segundo momento.
Você está participando da segunda edição do projeto De caso com a palavra, que forma atendentes de bibliotecas, bibliotecários e mediadores de leitura. Qual a importância do mediador e como ele é visto hoje pela comunidade escolar e leitores em geral?
Você está participando da segunda edição do projeto De caso com a palavra, que forma atendentes de bibliotecas, bibliotecários e mediadores de leitura. Qual a importância do mediador e como ele é visto hoje pela comunidade escolar e leitores em geral?
Acredito que o mediador está ganhando espaço na comunidade em geral, porque as pessoas começam a ver a importância da sua presença nos processos de formação do leitor. Ele é uma figura essencial nesta construção, não apenas por compartilhar a leitura e as experiências sobre leitura entre duas ou mais pessoas, como também por predicar, opinar sobre o que leu, e partilhar suas próprias vivências provocadas pela literatura. Isso é formador. É transformador.
Começamos a enxergar este sujeito com olhos distintos, não apenas como um profissional que ensina a ler o texto, mas antes, indica caminhos para a leitura intrapessoal e a leitura do entorno. O mediador tem um papel fundamental no processo do autoconhecimento que perpassa todo ato educacional.
Seu livro é finalista do Prêmio Jabuti, na categoria Juvenil. Esta, aliás, é a sua primeira indicação ao prêmio. Qual o impacto que uma indicação ou premiação tem na carreira de um escritor de literatura infantojuvenil?
Creio que o impacto de uma indicação ou prêmio sobre a carreira de um escritor – independente do público para o qual ele escreve – é o mesmo, um marco. Prêmios são como pedrinhas de brilhante que colocamos no nosso caminho. Creio que dá visibilidade ao autor, abre novas oportunidades.
Porém, para mim o grande prêmio é o livro ser aceito pelo leitor, por que é ele quem valida minha caminhada. Sem o leitor não há a Cléo escritora. Na A fofa do terceiro andar eu o agradeço por dar vida ao meu texto e digo que, como a semente precisa do solo para germinar, a alma dos que me leem é o solo fértil para o que escrevo.
Priscila Pasko
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