28 de mar. de 2010

Ariano Suassuna



Ouvir Ariano Suassuna, no Teatro Positivo, nessa noite de chuva, foi um prazer.
Ele é um excelente contador de histórias, cheio de graças, como ele mesmo se revela. E faz graça. A tentativa de embarcar num vôo, com a tal "espada literária", recebida na solenidade de posse na Academia Brasileira de Letras é um riso só, permeada por exclamações... pausas e "adjetivos. Pronto. Eu sou assim. É minha característica. Preciso de adjetivos". Uma beleza.

Ao iniciar o papo diz que não vai falar de si , porque "os autores de teatro tem complexo de eixo, acham que tudo gira em torno deles".  Mas ele fala de si próprio e conta histórias, como para explicar o surgimento dos seus personagens e dessa forma, nos presenteia com mais uma lúcida observação "a melhor maneira de se tornar universal é pintar bem o ser humano do seu lugar e do seu tempo".
E como não falar de si, se a vida que a gente vive é aquilo que a gente faz dela? Mas, bem entendido, ele fala sem a afetação teatral, que a exposição sugere. Ao mesmo tempo faz cena, imita toureiro.. hilariante! Aquela figura magérrima, toda de branco, fazendo cara de toureiro espanhol ... Um personagem.
E não se conformava que elas, as suas criações, se vestissem  "assim, sem graça, como a gente se veste  no dia-a-dia". Queria roupa bonita, que traduzisse as imagens poéticas que ele criava.
"E não venha me dizer que devo ser como Graciliano Ramos, um amargurado, eu não sou assim, eu gosto do riso".
Obrigada por nos presentear com a sua graça e seu riso, seu Ariano, e por nos oferecer suas "imagens teatrais reacriadas a partir do real".


(ilustração Paulo Maia)

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Oralidade na primeira infância

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