Após alguns meses sem
praticar a meditação diariamente (olha a desculpa: o ritmo do trabalho, etc,
etc), eu retomei a prática, 21 minutos
diários. Reencontro a o espaço da meditação no meu dia a dia, e a condição de
se viver com mais harmonia. Falar de meditação é voltar a atenção para o
silêncio, lugar de onde posso contemplar e vivenciar a metáfora dos cinco
elementos e suas influências. Para o budismo tibetano aquilo que gera e mantém
a vida é lung. Para o povo wapixana é
udurona. No taoismo é chi, e no hinduísmo, prana.
Muitos, sequer dão nome para isso e, tampouco, têm
consciência de que alguma coisa (invisível aos olhos, pois sem matéria) se move
dentro de nós e anima o ser humano. É o princípio
vital, energia
que se manifesta através das cinco propriedades naturais (éter, ar, fogo, água
e terra) que constituem os corpos. A
meditação é o veiculo para localizar os significados destas forças e perceber seu
equilíbrio/desequilíbrio.
Quando a fonte se revela por
meio do éter, a quinta-essência, salta para fora a alegria que transparece no
brilho dos olhos. A ausência deste elemento etéreo e essencial se traduz em
apatia e morte, ainda que o corpo físico esteja vivo. O ar rege os processos
mentais. Mente perturbada fica saltitando pra lá e pra cá, ativa, difícil de
controlar. Mente tranquila é mente disciplinada pelo ir e vir da respiração, ar
que nos alimenta, num incessante contrair/expandir, de onde posso ouvir o som
do meu mar interior.
No silêncio,
o princípio do fogo, sol de dentro de nós, expande seu calor suave que se
revela num ser amoroso e generoso. Falta de fogo gera seres frios e ásperos. Excesso
de fogo gera raiva, agressão física. O equilíbrio se encontra no caminho do
meio. Quando o lung da água se faz
presente, ele promove a resiliência e não reatividade. Água correndo pelos
ossos os torna flexível. Com a prática da meditação, ela circula sem
resistência, contorna obstáculos, se amolda ao caminho. Flui. Sem água, seca, racha,
quebra.
A
consciência do princípio da terra transparece na firmeza e na persistência das
ações. Com esta força desequilibrada, não se cria, procrastina. No silêncio, eu
sento na montanha que há em mim e aguardo, serena e confiante, tudo se
manifestar.
E,
nesta dança cósmica, a vida se move e se desenvolve, e a gente lança os olhos
pro horizonte, e anda.
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