(1)
mulher pássaro
Ela
banhou-se em mel e salpicou sementes pelo corpo.
Vieram
os pássaros e pousaram nos seus ombros, braços, cabelos, ancas.
E
eram tantos. Bateram asas e ela voou.
(2) mulher árvore
Ela
enterrou seus pés na terra. Criou raízes. Veio o sol, veio a chuva.
Brotaram
galhos e folhas nas suas mãos.
Logo,
ela era toda galhos e folhas. Vieram os pássaros, fizeram ninho.
Veio
a primavera, surgiram as flores.
No
verão, os frutos amadureceram.
Ela
alimentou os pássaros pousados nos seus ombros e galhos.
(3) mulher flor
Ela
esperou por ele, sentada na pedra, na encruzilhada.
Veio
o sol, veio a lua, veio a chuva, veio o vento.
Seus
pés enraizaram. Lenta metamorfose.
Brotou
uma flor azul.
(4) estar com
Ela sabia que para estar com, era preciso encontrar um intervalo entre as
coisas que a afastavam de si. Sabia que precisava criar espaços de fazer nada,
instantes onde tudo é silêncio.
Que precisava de coisas que a levassem de volta
ao centro e gerassem entusiasmo.
Sabia que entusiasmo é andar com Deus na alma.
Que andar com Deus na alma
traz inspiração e a bem-aventurança.
Que bem-aventurança é estar com o outro.
Sabia também que só uma presença real definiria o estar com outro.
Sabia que para estar com o outro era preciso descansar no outro.
Para
descansar no outro era preciso viver as qualidades do estar com.
O olhar, as
vozes, as cores, os cheiros. Rituais de aproximação. Os tempos da palavra.
O
tempo do movimento e o tempo da quietude.
Ela sabia tantas coisas.
Mas não criava intervalos. Não andava com
entusiasmo.
Não descansava no outro. Não vivia as qualidades do estar com.
Pois é. Então, ela fez silêncio, banhou-se no mel. Criou raízes.
Colheu
uma flor azul. Descobriu-se de bem consigo.
Já podia estar com.
Lindo, lindo! Compartilhei uma frase! Não podia? Agora já está na fanpage BEM Estar Integral! Com os devidos créditos, é claro! Bjs
ResponderExcluir