Não sei como as coisas se processam com outros autores, mas
comigo é assim: perceber que minha obra toca, vibra, sensibiliza o leitor, me
vira do avesso, faz brotar um oceano dentro de mim, tsunami em forma de
gratidão.
Eu vou escrevendo o que minha alma pede. Não foco num leitor
específico, mesmo por que, acho que meu leitor pode ser todo aquele que se
identificar com o texto. Pode ter 10, 20 30, 80 anos. Gênero? Homem, mulher,
hetero, homo, bi, tanto faz. Raça? Ah, somos todos filhos da Mãe Terra!
Religião? Cabem todas que acolhem o amor, a compaixão, a paixão, a
generosidade, respeito, flexibilidade, tolerância.
Quando eu escrevo falo de mim, ainda que não conte fatos de
mim. Afinal, que posso oferecer ao meu personagem senão a minha experiência de
vida, meus afetos, minhas dores e alegrias? Como olhar para um personagem se eu
não olhar para mim e vê-lo através de mim? Só posso oferecer ao personagem o
que tenho. Só posso falar do que sei. Desta forma sou honesta com ele.
Quando um personagem nos toca, (e isto eu falo como leitora!)
se processam maremotos dentro da gente que tiram as coisas do lugar e as recolocam
de outro jeito, que tem mais a ver com o que a gente é. A literatura me salvou
da mediocridade e me impulsou a ir adiante. Me mostrou que a vida é muito mais do que aquilo que eu
vivia, muito mais rica e cheia de possibilidades.
Eu sempre defendi a literatura como uma poderosa via de
autoconhecimento e perceber que aquilo que eu escrevo se aproxima da minha
teoria é um retorno e tanto. Indica que eu, não apenas como escritora, mas como ser humano, estou caminhando
por um bom caminho. . Que valeu a dúvida, o medo e a insegurança que passaram por aqui. Eles não me imobilizaram. Ter vivido estes sentimentos e olhado pra eles, generosamente, foi um via para transformá-los em coragem, confiança e amor, por mim e pela minha obra.
Obrigada, querido leitor. Escrevi no agradecimento de Fofa do Terceiro Andar, que sua alma é o solo
fértil para o que escrevo. E assim está sendo. Sinto-me ainda mais tocada a
buscar o silêncio dentro de mim para produzir outras obras, que lhe acolham e
lhe embalem. Até lá.
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