28 de mai. de 2011

A arte de cara nova



Eu insisti numa cara nova para o livro A arte de contar histórias no século XXI.  Fui ouvida pela Vozes e o novo livro chegou. Na 3ª edição, ele ganhou um novo ar, mais conectado com o seu conteúdo, mais inspirador. A capa é um elemento importante para um livro; é sua apresentação; é quando ele diz alô para o leitor. Muitas vezes somos atraídos por uma capa. Só depois é que vamos ler as orelhas, folhear, e ler seu conteúdo. Eu gostei do resultado. E você?

16 de mai. de 2011

Entusiasmo e a condição de se manter dócil

Às vezes temos a impressão de estar no olho do furacão. As coisas acontecem vertiginosamente, sem nos dar tempo para elaborá-las. É fácil ser tomado pela cólera, perder o rumo, a cabeça, o humor. Na manhã de embarque para Poços de Caldas, rumo a Flipoços, descobri que estava sem a carteira de documentos, cartões... esses passaportes para o cotidiano. Claro, não embarquei. No primeiro momento veio um ”não acredito, não acredito”. Atenção, Cléo. Respirar, rir e solucionar, dizia a voz pacificadora. E lá vou eu, noutro voo, no final do dia, com mais algumas horas de estrada pela frente, dormir tarde, acordar cedo, cansaço, etc etc etc. Se não fosse a falta de atenção poderia ter feito o mesmo trajeto com mais tranquilidade, dizia a voz crítica e julgadora. Serena, serena, sugeria a voz do bem. E nesse impasse com as vozes internas, cheguei à cidade, até mais cedo do que previ. Cai num sono intenso.


No dia seguinte, a poucos momentos da abertura do evento, me dei conta que estava feliz por estar lá e falar aos professores sobre esse assunto que me encanta: oralidade e leitura literária. Mas, mais feliz ainda eu estava, por ter vivido os imprevistos do dia anterior com calma e por ter mantido a doçura comigo mesma. Naquele momento eu estava bem e alegre e era esse ânimo, essa energia que permearia minha fala. Assim foi. Deslizou.

Mais tarde, andando de volta ao hotel, cruzei com um professor que estava na palestra. Ele veio me cumprimentar e observou que meu entusiasmo foi contagiante. Sim, eu disse, acho importante estar neste estado de exaltação do espírito, por que isso implica em manter vivo o sopro criador, que nos faz cúmplices e participantes da vida. Entusiasmo é a força que me inspira, anima e me propulsiona a criar com amor. Isso quer dizer carregar Deus dentro de mim. Não dá para negar a dimensão do sagrado, nem mesmo numa fala científica. Creio que essa realidade deve ser vivida no dia-a-dia, não apenas nos templos. Sem ela a vida se torna árida e sem sentido.

Reafirmo em cada encontro literário, em cada discurso sobre os efeitos e afetos da leitura literária, a urgência em recuperar as dimensões não passíveis de experimentação, mas tão reais quanto distinguir um copo de água de um copo de vinho. Pneuma e psyché devem voltar a andar juntas com soma. Esse é o desafio da educação na contemporaneidade, integrar o que foi fragmentado e humanizar o ato de educar. Entusiasmar meus comparsas, esse é o tom.


Dias 4 e 5 de junho, workshop Contar e Encantar, em Curitiba.

9 de mai. de 2011

Flipoços 2011

O 1º Encontro da Educação, evento que aconteceu na VI Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas, gerou algumas reflexões compartilhadas no Boletim de Maio. A grande alegria foi encontrar a Tatiana Belinky, homenageada da feira, estampada por todos os cantos.
Tatiana impulsionou minha carreira literária. No final dos anos 90 levei à sua casa um roteiro de peça para criança. Ela leu e proferiu, isso é um conto para crianças. Está praticamente pronto. Porque não pensa em publicar?
Levei a sério e anos mais tarde publicaria meu primeiro livro para crianças, Dorminhoco, que dedico a ela. Também levei a sério, quando ela disse que as historias são um treino par as emoções. Essa frase ficou ecoando dentro de mim e hoje, silenciosamente, agradeço Tatiana, porque cada vez que eu vou falar para um grupo de pessoas, sobre literatura, histórias escritas e narradas, ela surge na minha frente, com seu ar de pisciana dócil e sonhadora.
Tatiana faz parte desse pequeno universo de grandes pessoas que mudam a vida das outras. Ela mudou a  minha, quando validou minha escritura e minha imaginação. Agora sou eu quem está aí, com essa tarefa de ler o outro e dizer, siga em frente. 
Semana que vem estarei em Itaguaçu, nas montanhas do Espírito Santo. Todos os dias recebo dezenas de emails dos alunos, dizendo-se ansiosos pela minha presença. Que estão lendo meus livros, que gostam do que leem e que desejam que eu seja feliz na sua cidade. Eu serei, meus queridos. Com tanto carinho junto, como não seria? 
A passagem por Poços foi rápida mais intensa. Os afetos que as pessoas lançam não se desfazem mais. Ao contrário, se materializam e deixam marcas no corpo, nos sentidos, no coração e no espírito. Poços de Caldas, eu volto para lá.

Oralidade na primeira infância

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