mandala-estrela construída para a procissão de Corpus Christi Antonina, PR, 2007 |
De tempos em tempos me aproprio de algumas palavras-força para me guiarem
na caminhada (e percebo temas recorrentes na minha escrita, como caminho e caminhar).
As eleitas nesse momento são vontade,
amor, sabedoria e atividade. Vontade, enquanto o impulso para criar.
Amor, como o alimento da sabedoria. Sabedoria, enquanto entendimento sobre o
uso da vontade e atividade, como a ação exercida em todos os planos, com a
intenção de empurrar o universo para frente e alterar a minha própria história.
Depois de uma estação sombria onde essas quatro palavras correram o risco
de perder sua força, recupero o influxo da energia da vontade, do amor, da
sabedoria e da atividade. Vou me reencontrar junto à natureza. Ela continua
sendo para mim, a cura. Vou me purificar ouvindo o silêncio, pisando na terra e
me banhando nas fontes. Vou arrancar do meu corpo e do meu espírito os venenos
que minam a vida, como emoções, pensamentos e relacionamentos tóxicos. Vou
fechar os olhos de fora e silenciar a voz da autoridade que vem do externo.
Vou olhar com os olhos de dentro, com gratidão e amor, a
caminhada que fiz e reconhecê-la como expressão da sabedoria. Olhar a minha
alma com olhos generosos e dizer sim para a vida. Vou celebrar o sim, e repeti-lo
com entusiasmo, tantas vezes for preciso para conseguir dizê-lo com a
autoridade que vem de dentro. Sim. Sim. Sim. Vou me permitir morrer, me
transformar, e aceitar com alegria aquilo que virei a ser. Não discutirei com
os ritos do mundo inferior. Reaprenderei sobre o sentido da entrega e farei das
palavras de são João da Cruz, as minhas, “se alguém quer estar certo do caminho
que percorre, deve cerrar os olhos e caminhar no escuro”.
Voltarei a habitar a casa de dentro onde mora a fé e ouvirei com gosto a
melodia harmônica do meu coração. Vou olhar com compaixão para a minha criação
e escrever aquilo que minha alma quer expressar. Vou fazer da minha vida
um corpo de vontade, amor, sabedoria
e atividade. O mundo está em mim. Isso tudo, para mim, é o
sentido do Natal e coincide com a virada do meu ciclo pessoal. Seguirei a
estrela de Belém que acena para mim no fundo do horizonte escuro, reencontrarei
o Menino Deus e renascerei na véspera do dia dos Reis. Até lá, estarei me
gestando.
Feliz Natal e obrigada pela companhia durante ano.
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