22 de jan. de 2014

Gratidão

á Mia pela sua docilidade
Noite. Ouvi barulho seco tamborilando na porta de vidro. Fui ver o que era. Dois fachos verdes fosforescentes. Apaguei as luzes da casa, abri as portas e recebi a visita de um vaga-lume. Presente de aniversário. Um dos mais significativos. O outro tem sido o silêncio.
Aqui o silêncio só não é mais abundante, por que sapos coaxam, grilos, pássaros e cigarras trilam, e as águas repercutem nas pedras do rio produzindo sons. E quando a chuva cai, sinfonia de pingos na folha da bananeira. Nem mesmo os cachorros ousam profanar a paz do morro encantado.
Dia de aniversário é tempo de recomeço. Logo cedo me preparei para o novo, numa ação tipicamente capricorniana: subir o morro. Estava uma lama só, e enquanto caminhava ia moldando no barro os passos que daria no ano. Andar atento para não escorregar; não pisar em falso; não me machucar, nem me atolar em poças de água barrenta. Observava o tempo de parar e olhar para trás, para ver o caminho lindo que eu trilhava. Descortinava-se no horizonte uma paisagem salpicada de lagoas, montanhas e dunas. O encantamento nutre.
Na clareira da mata, junto às cascatas, celebrei a divindade. Agradeci a mim por me dar atenção e amor; por me olhar com compaixão e carinho; por exercitar a delicadeza e a flexibilidade comigo mesma; por me permitir a prática da confiança e da entrega. No ano que passou andei no sol e mergulhei no mar. Senti o frio roçar meu rosto no alto das montanhas. Dancei em noite de lua. Meditei. Orei.  Criei. E ri, e ri, e ri.
Também chorei e soube me acalentar para acalmar. Agradeci pelas pessoas que encontrei no caminho, faróis me mostrando o rumo, e inclui o não julgamento como forma de olhar. O ciclo que fechei foi intenso, nada fácil. Ainda assim alegre. Tenho sido chamada pela minha natureza saturnal a promover significativas transformações emocionais. E estou dando conta.
Eu e toda a humanidade somos chamados a isso. O momento pede que se amplie a consciência pessoal com o intuito de auxiliar a transformação do gênero humano. Cada vez que nos resolvemos, tanto no aspecto físico, como emocional, mental e espiritual; que olhamos ao redor e agradecemos àquilo que nos é dado; quando aceitamos que a razão não é a senhora da casa e abrimos as portas para a intuição; quando nos encaramos de frente e nos assumimos plenamente, isentos do pensamento mágico de achar que algo de fora (seja religião, seita, filosofia, ideologia) irá resolver os nossos problemas; quando paramos de responsabilizar o outro pelo nosso infortúnio, estaremos ajudando na transformação da consciência coletiva (e isto sim, é verdadeiramente sagrado, filosófico e político). Toda a humanidade se beneficiará desta ação, e será grata.

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