Hoje presenciei uma cena bela. Cenário: academia, pela manhã. Personagens: jovens sarados, donas-de-casa e pessoas passando dos 70 anos.
Quando se presencia o jogo de sedução entre os jovem, a gente nem liga. É normal, natural, presente nas novelas, na maioria dos filmes e no dia-a-dia.
Porém, hoje, meu olhar focou o diferente e talvez por isso mesmo, belo.
Um senhor, pra lá de 80, com sequelas de um derrame, exercitava-se num aparelho, ao lado do corredor. Entra um outro, na mesma faixa etária e, silencioso, sem ser visto, com ar de menino travesso, faz cócegas na careca do amigo e os dois se cumprimentam e conversam animadamente. Chega uma senhora, também nessa idade e, como se não visse esses dois amigos há muito tempo, faz festa. A saudação é tradicional, um aperto de mão. Mas, logo percebo que o olhar dessa mulher lança faíscas para um deles, e é correspondida. Ela se movimenta lenta, porém sensual; a cabeça pende para um lado; a mão cria um gesto suave; o impulso do corpo em direção ao homem; o sorriso aberto e luminoso. E ele, receptivo, fazendo a corte.
O tempo parou naquele instante de sedução e prazer. E eu me enchi de alegria ao ver a vida pulsando e sentir que a libido fluia por ali.
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