Gosto dessa possibilidade de agregar fotos aos textos. Muitas vezes a imagem dá conta de dizer aquilo que a gente não consegue. Estou sem digital para registrar os eventos. Fui roubada no aeroporto Santos Dumont. Detalhe: a máquina sumiu de dentro da minha mala após fazer o despacho no balcão da Gol. O cadeado permanecia intacto. Mas a máquina não estava mais lá. Uma mágica. É isso. Dentro do aeroporto internacional do Rio de Janeiro, eles fazem mágicas e furtam nossos pertences. Ninguém se manifesta. Ninguém sabe. Ninguém viu. A companhia aérea se limita a dizer "a senhora sabe que objetos de valor devem ser levados na bagagem de mão". Sim, eu sei.
É muito chato ser roubado. Uma sensação de invasão. Desrespeita a condição de ser humano.Muitas vezes roubam, não apenas objetos materiais, mas a nossa paz, a serenidade, energia. Vampiros estão soltos por aí. Valorizam tão pouco a si próprios, que se dão ao direito de ultrapassar os limites éticos e agredim seus comparsas, com atitudes e palavras.
Uma das imagens mostrada pelo professor Saul Neves de Jesus, da Universidade de Algarve, Portugal, mostrava numa charge, um sujeito, que ao olhar para dentro da sua mochila, exibia um sorriso de orgulho. Mas, ao olhar para dentro da mochila do colega fazia cara de reprovação. Em seguida, um texto que falava coisas como "se eu demoro para entregar um trabalho é porque sou cuidadoso; se o outro demora é porque ele é preguiçoso". Ou seja, estamos empre olhando nossas virtudes... e os defeitos alheios.
Já, Yves de La Taille, da USP, traz a reflexão sobre ética e sentido, a ao falar de disciplina ele questiona "de que serve ser disciplinado, obediente, ser um aluno nota dez, se é um sujeito nota 0, que desrespeita o próximo nas mínimas coisas?"
Sabemos que dessa atitude o mundo tá cheio. É fácil apontar o dedo para fora e dizer "porque você faz isso, você faz aquilo", ou ainda "eu fiz o que fiz, por que você fez o que fez". Sempre se busca uma justificativa para não se assumir a responsabilidade pelos nossos atos, ou a falta deles. Como diz Yves, na sociedade do tédio e da sedução, fica faltando o sentido, que é dado (também) pelos princípios. Sem eles fica fácil roubar o outro. Tanto coisas materiais, como alegrias e esperanças. E assim, vamos construindo um mundo de violência, intolerância e, na escola isso se traduz também em indisciplina, o que leva a consequências desastrosas.
No Fórum, eu contribui com a narrativa mítica do povo Kaingang, a conquista do fogo . Deixo então para o seu imaginário construir essa imagem do fogo, enquanto luz e consciência. Que venha o fogo purificador, nos trazer um novo olhar, um novo coração para abrigar o mundo.
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