14 de jun. de 2010

O florista e a gata e o tempo das crianças

                                                  http://www.youtube.com/user/clbprodu

Ontem fizemos o lançamento do livro. Público de pequenos.O jeito foi sair da cadeira e sentar no chão, ao lado deles. Mantive a atenção por meia hora. É o tempo dessa idade. Como a concentração também é pequena para textos mais elaborados, de repente eles surgem com perguntas do tipo "qual a sua flor preferida?" Como não responder e identificar que esse é o sinal para o ponto final da leitura? 


Em outra situação, de mais intimidade, menos volume nos microfones das outras salas, mais percepção de alguns escritores, de que o espaço é para bate-papo com o leitor e não animação de auditório, talvez fosse diferente. Mas não foi. Nesse momento precisamos de decisões rápidas, para não por tudo a perder. Muitas vezes a estratégia é você abaixar o volume e jogar com a intenção do texto. Foi isso que fiz. Funcionou. Até gente grande deixou a criança aparecer.




Ora, o livro é para criança maior, aquela que já faz uma leitura silenciosa e só consigo, vai descobrindo e processando o universo dos personagens, as tramas, os dramas. Encaminhamento equivocado do espaço? Talvez. Sei que criei a cena para o lançamento, fiz o roteiro, me preparei e quando cheguei no espaço dei de cara com outro público. A vida e suas imprevisibilidades. Um eterno exercício de se tornar flexivel, para acompanhar o rumo das coisas. Ao mesmo tempo, eles me adoram, parece que eu tenho mel, se jogam em cima de mim e fazem perguntas que nem eu sei responder, como "por que a menina virou gata?"


O livro não dá respostas. Não precisa dar. Deixo essa interrogação para o leitor, que com imaginação e criatividade pode vir a completar a obra. Esse é o espaço do leitor e seu papel de criador, juntamente com o autor. Foi bom!





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