Por aqui há tanta novidade literária que não falta assunto para esse
boletim. Inicialmente abro Helena*, a revista, e me deparo com dezenas delas.
Helena, a bela. Helena, a poeta. Helena de Tróia. Descubro outras, Helenas do
Paraná, ocultas entre as cento e quatorze belas páginas que marcam sua
geografia, do litoral ao alto da serra, do primeiro ao terceiro planalto, entre
fotos e desenhos, traços, cheiros, sabores, e acompanho a trajetória das águas
do Iguaçu cruzando o território, sob o olhar perdido de uma Heleninha qualquer,
para despencar nas cataratas do outro lado dessa terra da gralha azul. Aliás,
essa ave é portadora de uma boa metáfora. Para quem não sabe, ela enterra o
pinhão para comê-lo mais tarde, e ao esquecê-lo no solo promove o nascimento de
uma nova planta. Helena, a bela dos olhos azuis já espalhou que
Do longo
sono secreto
Na entranha
escura da terra,
O carbono
acorda o diamante.
A poeta passou discreta pela cidade, mas deixou imagens que seriam
impressas no imaginário coletivo. Assim como ela, outros criadores vão lançando
pinhões na terra e deixando-os dormitar no tempo, enquanto aguardam o inverno
passar, recolhidos nas suas casas de dentro e de fora. Quando se vê, o pinhão
já é pinheiro. E o escritor silencioso é reconhecido como o melhor do país.
Entre Helenas e Trevisans há muita riqueza na cultura daqui. Que o diga,
Helena, a revista. E isso que nem falei deles, do Cândido** e do Rascunho***.
Mesmo assim, lamenta-se a invisibilidade que a cidade impõe sem se
dar conta da importância de enterrar o pinhão e (com licença, senhora!) pintar
estrelas no muro, para ter o céu ao alcance das mãos. Helena Kolody nos mostra
isso. Dalton Trevisan também. Oxalá a gente aprenda com eles.
* Helena,
publicação trimestral da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná.
**Cândido,
publicação mensal da Biblioteca Pública do Paraná.
***Rascunho,
veterano na publicação literária no Paraná.
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