Estou em Olinda. Vim para falar sobre
oralidade e sou presenteada com dois momentos da mais pura oralidade. O
nordeste tem tradição oral. É só lembrarmos a pesquisa transdisciplinar de
Câmara Cascudo que registrou as histórias contadas pelo povo daqui, em dezenas
de livros. Hoje, do papel de ensinante passei para o lugar do aprendiz.
O primeiro foi na Sé. Dois repentistas me encantaram
com a capacidade de improviso, criatividade e o conhecimento sobre o Paraná. Repente é literatura
oral cantada. O segundo momento foi por conta de São Pedro, que saiu do
Convento de São Francisco e foi carregado em procissão pela beira-mar, até a
associação dos pescadores, com banda e cantoria. Manifestação popular pura. Festa
sacro-profana. Depois dos cantos religiosos entraram em cena os tambores e os
ritmos dançantes.
A música pro santo diz “Tu, sabes bem que em meu barco, eu não tenho
nem ouro nem espadas, somente redes e o meu trabalho. Lá na praia, eu larguei o
meu braço, e junto a Ti buscarei outro mar.”
É isso. O
povo criando seu texto e transmitindo oralmente às novas gerações. A oralidade
está mais viva que nunca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário